domingo, 1 de fevereiro de 2009

História Antiga

A História Antiga é um domínio de estudos que se estende desde o aparecimento da escrita cuneiforme (cerca de 4.000 a.C.) até a tomada do Império Romano do Ocidente pelos povos bárbaros (476 d.C.)


Índice

*1 Egito Antigo
1.1 O espaço geográfico
1.1.1 Vale do rio Nilo
1.2 Períodos históricos
1.3 Civilização Egípcia
1.3.1 Sociedade
1.3.1.1 Classes sociais
1.3.2 Religião e mitologia
*2 Civilização Mesopotâmica
2.1 Localização geográfica
2.2 Etimologia
2.3 Ocupação
2.4 Mesopotamia
2.4.1 Origens
2.4.2 Cidades e organização administrativa
*2.5 Babilônios
2.6 Escrita
2.7 Religião
2.8 Contribuições dos sumérios e babilônios
*3 Povo Hebreu
3.1 Origens
3.2 Patriarcas
3.3 Moisés
3.4 Conquista de Canaã
3.5 Juízes
3.6 Monarcas
3.7 Invasões estrangeiras
3.8 Religião
3.8.1 Festas e dias santificados
3.8.2 Esperança de um novo Messias
3.8.3 Direito religioso
*4 Civilização Fenícia
4.1 Origem e localização geográfica
4.2 Comércio marítimo
4.3 Produtos econômicos
4.4 Organização político-administrativa
4.5 Cultura
4.6 Religião
4.7 Desenvolvimento científico
*5 Império Persa
5.1 Origem
5.2 Reis importantes
5.2.1 Ciro, o Grande
5.2.2 Cambises
5.2.3 Dario I
5.3 Organização político-administrativa
5.3.1 Moeda
5.3.2 Transportes e comunicações
5.4 Economia
5.5 Religião
5.6 Cultura
*6 Civilização Chinesa
6.1 Sociedade
6.2 Filosofia
6.3 Alfabeto
6.4 Economia
6.5 Cultura
*7 Civilização Hindu
7.1 Origens
7.2 Sociedade
7.3 Religião
7.3.1 Budismo
*8 Civilização Cretense
8.1 Origens e localização
8.2 Civilização Cretense
8.2.1 Os grandes palácios
8.2.2 O reinado de Minos
8.3 Civilização minóica
8.3.1 Expansão e declínio
8.4 Cultura
*9 Civilização Grega
9.1 Geografia e origens históricas
9.2 Período Pré-Homérico (século XX a.C ao século XII a.C.)
9.3 Período Homérico
9.3.1 Genos
9.4 Período Arcaico
9.4.1 Pólis
9.5 Esparta e Atenas
9.5.1 Esparta
9.5.2 Atenas
*10 Período clássico da Grécia
10.1 Guerras Greco-Persas
10.1.1 Primeira guerra
10.1.2 Segunda Guerra
10.1.3 Rivalidades que enfraqueceram a Grécia
10.2 O século de Péricles
10.2.1 Governo democrático de Péricles
10.2.2 O Século de Ouro
10.3 Cultura
10.3.1 Arquitetura
10.3.2 Escultura
10.3.3 Pintura
10.3.4 Teatro
10.4 Religião e mitologia
10.4.1 Deuses
10.4.2 Os grandes deuses
10.4.3 Heróis
*11 Veja também


Egito Antigo
O espaço geográfico

A região onde se iniciou o desenvolvimento da civilização egípcia está situada no nordeste da África, com seu antigo território cortado pelo grande rio Nilo (6.500 km e 6 cataratas), ladeado por dois desertos (deserto da Líbia e da Arábia). Ao norte, o Mar Mediterrâneo favorecia a navegação e o comércio com outros povos. A leste, o Mar Vermelho, outra via de comunicação.

Vale do rio Nilo

O rio Nilo era a fonte de vida do povo egípcio, que vivia basicamente da agricultura.
De junho a setembro, no período das cheias, as fortes chuvas inundavam o rio; este transbordava e cobria grandes extensões de terras que o margeavam. Essas águas fertilizavam o solo com a matéria orgânica que traziam, que se transformava em fertilizante de primeira qualidade.

Além de fertilizantes, o rio trazia a abundância de peixes e dava chances a milhares de barcos navegando.

Para o povo egípcio, era uma verdadeira benção dos deuses. Aliás o próprio rio era tido como sagrado. Mas o Egito não era só esse presente da natureza. Havia necessidade de inteligência, do trabalho, da aplicação e da organização dos homens. No tempo da estiagem, num trabalho de união de forças e de conjunto, os egípcios aproveitavam as águas do rio para levar a irrigação até as terras mais distantes ou construir diques para controlar suas cheias.

Após as cheias, as águas baixavam, desmanchando as divisas das propriedades agrícolas.

Assim, todos os anos era necessário o trabalho do homem para medir, calcular, e isso ocasionou o desenvolvimento da geometria e da matemática.

Esse esforço comum e a unidade geográfica facilitaram um governo único e centralizador.

Períodos históricos

O vale do Rio Nilo foi habitado desde o Paleolítico.

Com o passar do tempo, surgiram comunidades organizadas e independentes chamadas nomos. Os nomos se agruparam em dois reinos (do Norte e do Sul) e por volta de 3.200 a.C. foram todos unificados num só reino pelo faraó Menés. Como ele, começam as grandes dinastias (famílias reais que governaram o Egito por quase 3.000 anos).

Costuma-se dividir a História do Egito em três grandes períodos:
* Antigo Império: de 3200 a.C. até 2200 a.C.
* Médio Império: de 2200 a.C. a 1750 a.C.
* Novo Império: de 1580 a.C. a 1085 a.C.

No final do Médio Império houve uma grande imigração pacífica dos hebreus para o Egito, que acabaram sendo escravizados e finalmente liberados para voltarem a seu país de origem. Depois dos hebreus, os hicsos invadiram o Egito, aí se estabelecendo por duzentos anos. Introduziram os carros de guerra, aquilo que os egípcios desconheciam, e desde sua expulsão teve início o Novo Império.

Ao final do Novo Império, houve um enfraquecimento do Egito e sua decadência facilitou a invasão e o domínio por parte de vários povos, como persas, gregos, romanos e muçulmanos. Nos tempos modernos, o Egito foi dominado politicamente pelos franceses e ingleses, até se tornar independente em 1962, como país moderno com governo próprio.

Civilização Egípcia

Sociedade

No Egito, a sociedade se dividia em algumas camadas, cada uma com suas funções bem definidas. A mulher, ao contrário da maioria das outras civilizações da antiguidade oriental, possuia posição excêntrica, podendo ocupar altos cargos políticos e religiosos, estabelecendo relativa igualdade com o homem.

A sociedade egípcia era heterogênea, dos quais se destacam 3 ordens principais:
* Faraó e sua família;
* Nobreza (detentora real das terras), Escribas (burocratas) e o Clero (sacerdotes);
* Felás (camponeses, trabalham presos a terra e em obras públicas);

Cabe ressaltar que entre a segunda e a terceira camada, havia ainda pequenos artesãos, militares, o baixo clero, e comerciantes incipientes que não bem representavam uma nova camada, mas indivíduos sem ordenação política, dependente dos superiores.
Ocorrem escravos, mas em número não relevante.

Classes sociais

As classes sociais no Antigo Egito eram (por ordem de importância):

O faraó era um rei todo-poderoso, proprietário de todo o território. A sagrada figura do faraó era elemento básico para a unidade de todo o Egito. O povo via no faraó a sua própria sobrevivência e a esperança na felicidade.

Os sacerdotes tinham enorme prestígio e poder, tanto espiritual como material, pois administravam as riquezas e os bens dos grandes e ricos templos. Eram também os sábios do Egito.

Dos altos funcionários, o mais importante era o vizir, responsável pela administração do império.

Os nomarcas eram administradores das províncias ou nomos. Assumiam funções importantes em suas províncias, como as de juízes e chefe político e militar, mas estavam subordinados ao poder de faraó.

Os guerreiros defendiam o reino e auxiliavam na manutenção de paz. Tinham direito a vários benefícios, o que lhes garantia prestígio e riquezas.

Os escribas, provenientes das famílias ricas e poderosas, aprendiam a ler e a escrever e se dedicavam a registrar, documentar e contabilizar documentos e atividades da vida no Egito.

Os artesãos e os comerciantes. Os artesãos trabalhavam especialmente para os reis, para a nobreza e para os templos. Já os comerciantes se dedicavam ao comércio em nome dos reis e nobres ou em nome próprio. O comércio forçou a construção de grandes barcos cargueiros.

Os camponeses formavam a maior parte da população. Os trabalhos dos campos eram organizados e controlados pelos funcionários do faraó, pois todas terras eram do governo.

Os escravos eram, na maioria, perseguidos entre os vencidos nas guerras. Foram duramente forçados ao trabalho nas grandes construções, como as pirâmides, por exemplo.

Religião e mitologia

Os egípcios foram um povo de profundas crenças religiosas. Isto teve importância na formação de sua civilização e organização social. Adotaram o politeísmo (crença em vários deuses). Desde os tempos mais antigos, os egípcios adoravam numerosos e estranhos deuses. Os primeiros foram animais e cada pessoa tinha o seu animal-deus que a protegia. Adoravam gatos, bois, serpentes, crocodilos, touros, chacais, gazelas, escaravelhos, etc.

Entre os animais adorados, o mais famoso foi o boi Ápis que, quando morria, provocava luto em todo o Egito e os sacerdotes procuravam nos campos um substituto fisicamente igual a este deus bovino. Acreditavam que um deus poderia se encarnar em um animal vivo.

O rio Nilo, com suas enchentes periódicas, e o vento quente do deserto, que destruía as colheitas, eram adorados como forças da natureza.

Os egípcios acreditavam na vida após a morte (ressurreição), por isso prestavam culto aos mortos (cerimônias fúnebres). Cada localidade tinha seus próprios deuses, com diferentes aspectos, sendo alguns parte homem e parte animal (geralmente corpo de homem e cabeça de animal – antropozoomorfismo).

Obs.: Há determinadas características que caracterizam as formas de representação de um Deus. De forma didática, temos as seguintes caracterizações:
* Zoomorfismo: Feições ou formas de animais;
* Antropomorfismo: Caracterização de Deus com aspectos humanos;
* Antropozoomorfismo: Fusão das anteriores;

Civilização Mesopotâmica

A Mesopotâmia era a região onde começou a História, por volta de 4.000 a.C., quando foi inventada a escrita cuneiforme.

Localização geográfica

A Mesopotâmia era uma rica região da Ásia Menor, localizada nas planícies férteis banhadas pelos rios Tigre e Eufrates, os quais lançam suas águas no golfo Pérsico. A Mesopotâmia corresponde em grande parte ao atual território da República do Iraque.

Etimologia

A palavra Mesopotâmia se deriva do grego: mesos = meio + potamos = rio e significa região situada entre rios, isto é, no caso, região compreendida entre os rios Tigre e Eufrates. Mas, como visto nos mapas históricos, a Mesopotâmia estendia além desses rios.

Ocupação

Foram vários os povos que através de lutas, tomaram conta dessa fértil região do Oriente Médio (Ásia Menor). Entre eles, vivem vários povos, tais como os sumérios, os elamitas, os acádios, os amoritas, os cassitas, os assírios, os babilônios, caldeus, etc.

Os povos mais importantes da Mesopotâmia foram os sumérios e babilônios.

Mesopotamia
Origens

Existe uma grande falta de conhecimento sobre a origem dos sumérios, porém há notícia que, por volta de 3000 a.C., eles se estabeleceram ao sul da Mesopotâmia, próximo ao golfo Pérsico.

Cidades e organização administrativa

No começo de sua história, os sumérios fundaram várias comunidades que, pouco a pouco, foram-se transformando em cidades-estados. Dessa forma surgiram as cidades de Ur, Uruk, Lagash, Nippur. As mais importante delas foi Ur.

A região disputada pelos sumérios não possuía um poder central que lhe desse unidade administrativa. Cada cidade era como que um Estado independente, com governo próprio. Cada cidade-estado era governada por um civil (Patesi, que na concepção do povo, era o intermediário entre os homens e os deuses) e por um sacerdote. Essas cidades viviam em constantes lutas e foi o rei Sargão I quem conseguiu dar unidade ao povo sumério, fundando o reino da Suméria, que se estendia da Mespotâmia até o mar Mediterrâneo.

Com a morte de Sargão I, o reino entrou em decadência e caiu em mãos de povos dominadores.

Babilônios

Chefiados por Hamurabi, tomaram conta da Suméria e fundaram o grande Império Babilônico, por volta de 1700 a.C.

Foi Hamurabi quem elaborou o mais antigo código de leis de que se tem conhecimento na história. As leis contidas nesses código determinavam direitos e deveres do povo e das autoridades. Mas, dependendo da classe social, as pessoas não eram iguais perante a lei no Império Babilônico. Os escravos, por exemplo, não eram considerados como gente, mas sim, como objeto de compra e venda, uma simples propriedade qualquer. Aliás, as civilizações antigas autorizavam a escravatura aos prisioneiros de guerra, ao invés de serem mortos, eram aproveitados como escravos para trabalhos forçados. Vem de Hamurabi a lei do talião: "Olho por olho, dente por dente". Outra lei estabelecia que, se um homem entrasse num pomar e fosse pego roubando, era obrigado a pagar ao dono do pomar uma certa quantia em prata. Esse código teve grande importância nas leis de outros povos.

O Império Babilônico entrou em decadência e foi conquistado pelos assírios, povo guerreiro de grande organização militar e o primeiro a usar os carros de guerra puxados por cavalos. Eram cruéis, violentos, conquistaram vários povos e dominaram a região por 500 anos.

Mais tarde, por volta de 612 a.C., o Império Babilônico se reorganizou (Segundo Império Babilônico) e chegou com Nabucodonosor, que embelezou a cidade, construiu os famosos Jardins Supensos da Babilônia, que eram uma das sete maravilhas do mundo antigo, e mandou construir um grande zigurate. No ano de 1899, durante escavações, foi descoberto um gigante zigurate que se pensou ser a Torre de Babel. A Bíblia, de acordo com a cronologia do Gênesis, data a construção da Torre de Babel como sendo por volta de 2.269 a 2.030 a.C., na época do nascimento de Pelegue (nome significando divisão). O zigurate construído por Nabucodonosor, que viveu bem mais tarde, tinha 90 metros de base e outro tanto de altura, com o topo recoberto de ouro e azulejos esmaltados de azul.

Escrita

Os sumérios e babilônios escreviam em tabletes de barro. Inventaram um tipo de escrita em forma de cunha; daí o nome escrita cuneiforme. Esses tabletes de barro eram pesados e difíceis de lidar com as mãos, mas tinham a vantagem de durar séculos ou milênios como escrita legível. Estudiosos de nossos tempos encontravam grande quantidade deles e assim puderam descobrir muitas coisas da mais antiga civilização do mundo. Na cidade de Nínive, o rei Assurbanipal criou uma biblioteca com 22.000.000 tabletes de argila (barro) com escritos em vários assuntos. Entre outros assuntos, os tabletes nos mostram como eram os negócios e o comércio daquela época. Um médico, por exemplo, faz uma relação de remédios que ele receitava a seus clientes. Um dos mais interessantes tabletes relata deveres de um menino, na escola, há 3000 anos atrás: o menino devia se apressar para não chegar atrasado na escola, senão o professor bateria nele com uma vara. O professor usava, também, a vara para punir alunos que conversassem, que saíssem da escola sem permissão ou que fizessem a lição sem o devido capricho.

Religião


Tanto os sumérios como os babilônios eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. Cada cidade possuía o seu deus protetor. A Babilônia, por exemplo, estava sob a proteção de Marduk. Acreditavam também nas forças dos astros e da natureza e adoravam o céu (Anu), a Terra (Enlil), a Lua (Sin), o rato e a tempestade (Hadad), o fogo (Gibil), etc.

A religião era situada nos templos, chamados zigurates, que eram construções em degraus em forma de pirâmide. Os mesopotâmios acreditavam na influência dos astros na vida humana, dando assim origem à astrologia. Os sacerdotes e adivinhos que se dedicavam ao estudo dos astros gozavam de grande prestígio. Os povos da Mesopotâmia deram uma grande contribuição ao conhecimento dos astros, e por meio desse conhecimento os sacerdotes conseguiam mesmo prever as cheias dos rios Tigre e Eufrates.

Contribuições dos sumérios e babilônios

Foi de grande importância a herança que os sumérios e os babilônios deixaram aos povos futuros. Entre outras contribuições, podemos apontar:
* A organização social e política das cidades-estados.
* Criação de um código de direitos e deveres.
* Produção organizada de alimentos: já naquela época, empregavam o arado e máquinas de irrigação, por exemplo.
*
Construção de belos templos e imponentes palácios.
* Os sumérios inventaram a escrita, que permitiu fixar o saber da época.
* Invenção da roda e dos carros puxados por cavalos.
* Criação da astronomia (estudos dos astros).
* Astrologia, ou seja, o estudo dos astros e suas influências sobre a vida das pessoas.

Os povos antigos da Mesopotâmia não acreditavam na imortalidade da alma, tinham uma religião pessimista e levavam a vida sem se preocupar com a morte ou com a vida além-túmulo. Procuravam se proteger contra as forças do mal usando amuletos e fazendo toda sorte de magia.

Uma das divindades mais cultuadas era deusa Ishtar, que é a personificação representativa do planeta Vênus, o mais próximo da Terra em relação à Marte. Era a deusa do amor e da guerra.

Povo Hebreu
Origens
Abraão e os três Anjos as portas do purgatório segundo descrição de Dante Alighieri em 1250 gravura de Gustave Doré (1832-1883)

As origens mais remotas do povo hebreu (israelita) ainda são desconhecidas. A Bíblia continua sendo a principal fonte para os estudos desse povo. As origens começaram com Abraão, chefe de uma tribo de pastores seminômades que, aconselhado por Deus, deixou a cidade de Ur na Mesopotâmia, próxima às margens do rio Eufrates, dirigiu-se para Haran e depois foi se estabelecer na terra de Canaã, na costa oriental do Mediterrâneo (atual Israel).

Essa migração teve um caráter religioso e durou muito tempo até chegarem à terra prometida por Deus.

Abraão, ao contrário dos outros homens da época, acreditava num único Deus, criador do mundo, invisível e que lhe tinha ordenado partir para Canaã. Como prêmio por essa obediência e por sua fé, ele recebeu de Deus a promessa de que sua família seria a origem de um povo destinado a possuir a terra de Canaã, onde segundo a Bíblia, manava leite e mel. Essa promessa foi renovada a seu filho Isaac e posteriormente a Jacó (neto de Abraão), que recebeu de um anjo o nome de Israel, que significa “o forte de Deus”. Mas a conquista definitiva de Canaã só vai se tornar realidade mais tarde, no século XIII a.C., quando Moisés sai do Egito e conduz todo o povo hebreu para a Terra Prometida, em 1250 a.C.

Patriarcas

Chamam-se patriarcas os três primeiros chefes do povo israelita: Abraão, Isaac e Jacó. O primeiro vivia em Ur, na Mesopotâmia. Deus lhe ordena partir para Canaã e lhe promete que sua descendência terá um destino extraordinário. Abraão parte e se estabelece na terra Canaã com sua família. Depois que Abraão morreu, sucede-lhe o filho Isaac e em seguida vem Jacó, filho de Isaac.

Jacó tem doze filhos, que vão dar origem às doze tribos de Israel, José, o mais novo deles, é o protegido dos pais. Os irmãos o invejam a tal ponto que o vendem como escravo para mercadores do Egito. No Egito, José vai trabalhar na corte do faraó. Depois de muitas aventuras ele se torna o primeiro-ministro. Nesse tempo, sobrevém uma grande fome em Israel e José consegue que sua família se estabeleça no Egito.

Moisés

Os hebreus viveram pacificamente no Egito por gerações. Mas um faraó se inquietou devido ao aumento populacional e poder: decide torná-los escravos e manda matar todos os meninos recém-nascidos. Ora, nessa época nasce, numa família israelita, o pequeno Moisés. Para salvá-lo sua mãe o acomodou numa pequena cesta de papiro e o escondeu entre os caniços do rio Nilo. O bebê foi recolhido pela filha do faraó Ptira e educado na corte. Ao se tornar adulto, Moisés fica revoltado com a miséria do seu povo, e para salvar seu irmão Aarão, mata um egípcio e por causa disso foge para Madiã. Lá conhece Séfora a filha do sacerdote Jetro de Madiã e casa-se com ela e passa a ser pastor no deserto do Sinai. Ali, Deus se revela a ele e lhe faz uma dupla promessa: libertará os israelitas da escravidão e lhe dará o país de Canaã. Moisés tem, a partir de então, uma missão grandiosa: guiará o povo de Israel até a Terra Prometida e transmitirá aos homens a mensagens de Deus nos dez mandamentos.

Moisés voltou, então, ao Egito, para junto dos seus, os hebreus, e ordenou ao faraó, que deixasse os escravos israelitas partirem para sua terra, porque era ordem de Deus. Diante da recusa do faraó, Deus castiga o Egito com dez terríveis pragas, narradas na Bíblia. Finalmente o faraó cede e o povo de Israel parte livre: é o Êxodo, isto é, a saída do Egito.

Moisés conduziu os hebreus através do deserto do Sinai. Pela segunda vez, Deus se revela a ele, lhe dará as Tábuas da Lei, com dez mandamentos, e faz com os israelitas uma aliança, um pacto. Ele os protegerá até a entrada na terra de Canaã, mas em troca exigirá do seu povo obediência absoluta a suas leis. Deus, com efeito, dita a Moisés as leis que regerão a vida dos israelitas. As 10 primeiras são particularmente importantes: são os Dez Mandamentos da Lei de Deus.

Conquista de Canaã

Depois que saíram do Egito, os hebreus atravessaram o mar Vermelho (literalmente) e passaram quarenta anos errando pelo deserto da Líbia e pelo deserto da Arábia até que finalmente chegaram às fronteiras da Terra Prometida (atualmente Estado de Israel). Moisés morreu. Josué, seu sucessor, lança uma guerra contra os cananeus e venceu seus adversários próximos. O país dos cananeus torna-se então país de Israel. Deus teria cumprido sua promessa.

Juízes

Uma vez estabelecidos na terra de Canaã, os hebreus precisavam de uma autoridade para liderá-los nas batalhas contra os filisteus e coordenar as atividades do povo. Foram os juízes, líderes político-militares que guiaram o povo sempre libertando-os de seus opressores, e entre eles se destacaram Josué, Sansão, Gideão e Samuel. Depois dos juízes, fundou-se o reino de Israel, que passou a ser comandando por um rei.

Monarcas

Davi e Salomão foram os reis mais gloriosos da história de Israel.

Davi concluiu a conquista da terra de Canaã e fundou o reino de Israel. Expulsou do país os temíveis filisteus e escolheu Jerusalém como capital. Foi um rei poeta e escreveu muitos salmos (hinos religiosos) que se encontram na Bíblia Sagrada.

Durante o reinado de Salomão (filho de Davi), Israel progrediu muito. Salomão mandou construir palácios, fortificações e o Templo de Jerusalém. Dentro do templo ficava a Arca da Aliança, que continha as Tábuas da Lei, onde estavam gravados os Dez Mandamentos que Deus tinha ditado para Moisés no Monte Sinai, quando os hebreus vinham do Egito para Canaã.

A maioria do material usado nas construções foi importado de Tiro, na Fenícia. As importações de madeira (principalmente o cedro-do-líbano), ouro prata e bronze foram tão exageradas que empobreceram o país. O dinheiro arrecadado com os impostos não era suficiente para pagar as dívidas. Para sustentar os gastos e os luxos da corte, Salomão aumentou os impostos e obrigou a população pobre a trabalhar em obras públicas. Além do mais, a cada três meses 30.000 hebreus se revezavam no trabalho das minas e das floresta da Fenícia na extração de madeira, como forma de pagamento da dívida externa de Israel com a Fenícia.

A administração de Salomão descontentou o povo, mas ele passou à história como um grande construtor, e principalmente como um rei cheio de sabedoria.

Invasões estrangeiras

Israel esteve sob o poder de outros povos por várias vezes. Depois que se dividiu em dois Estados adversários - Israel ao norte e Judá ao sul -, o povo caiu prisioneiro dos assírios e babilônios. Em seguida, entre outras invasões, esteve sob o poder dos persas e romanos. No ano 70 d.C., o imperador romano Tito destrói completamente a cidade de Jerusalém. O povo judeu, a partir de então, espalhou-se pelo mundo (foi a chamada Diáspora) e só consegui se reunir no território atual, em 1948, quando foi fundado o Estado de Israel.

Religião

Muito fracos do ponto de vista familiar, os hebreus foram várias vezes conquistados por outros povos e até levados como escravos para a Babilônia (o cativeiro da Babilônia). Mas resistiram a inúmeras dificuldades ao longo dos séculos, e unidos em torno de seus preceitos religiosos, continuam ainda hoje como povo.

Desempenharam um papel muito importante na parte da religião e da moral, deixando uma enorme influência em todo o mundo ocidental, desde a Europa até as Américas.

Praticavam o monoteísmo, com a crença em Jeová (ou Javé), Deus criador de tudo, universal, invisível, espírito todo-poderoso, que não podia ser representado por meio de estátuas ou imagens. Deveria ser adorado "em espírito e verdade". Os sacerdotes eram também chamados de levitas, porque pertenciam à tribo de Levi, uma das doze tribos de Israel.

Nos mil anos que antecederam o nascimento de Jesus Cristo, os hebreus fixaram por escrito sua história, suas leis e suas crenças.

Todos esses dados se encontram na primeira parte da Bíblia, chamada de Antigo Testamento, que é a parte seguida pelos hebreus.

A Bíblia é um livro sagrado não só para os israelitas como também para os cristãos.

Festas e dias santificados

O sábado é consagrado à vida religiosa. Todo o trabalho é proibido. Esse dia é reservado para o encontro entre pessoas da família, para a oração e o estudo da Bíblia (Antigo Testamento).

As festas israelitas comemoram, em geral, acontecimentos históricos, religiosos e agrícolas. A mais solene delas é o Yom Kippur (o Grande Perdão): a pessoa se arrepende de suas faltas e Deus a perdoa se o arrependimento for sincero.

Antigamente, entre os judeus, honrava-se a Deus por meio de sacrifícios de animais (holocaustos) e por meio de ofertas. Atualmente, com a Diáspora (dispersão pelo mundo), os judeus se reúnem em lugares de culto chamados sinagogas. A oração e a leitura da Bíblia (Antigo Testamento) tornam-se atos essenciais na vida dos judeus.

Esperança de um novo Messias

Em toda a história de Israel, alguns homens exerceram uma influência especial: são os profetas. Os profetas são pessoas inspiradas por Deus, são os porta-vozes dele. A partir do século VII a.C., eles já anunciam uma grande esperança: a vinda de um Messias, um enviado de Deus, para transformar o mundo, fazer reinar a paz, a justiça e o amor e reunir novamente o povo de Israel para viver em paz em sua própria terra. O povo de Israel continua ainda hoje aguardando um messias salvador, que de acordo com a crença dos cristãos já veio na pessoa de Jesus Cristo.

Direito religioso

À espera do messias, o judeu deve tender à santidade, observando a lei e as regras de vida (a moral judaica). As leis estão contidas num livro chamado Torah.

Elas se referem a todos os aspectos da vida: o culto, o trabalho, a vida familiar, a alimentação, as vestimentas, as punições das faltas, etc.

As leis do Torah são explicadas por mestres chamados rabinos. Os comentários dos rabinos sobre as leis estão contidos num enorme livro Talmud.

Civilização Fenícia
Origem e localização geográfica

Os fenícios, povo de origem fenícia semita, surgiram a partir do ano de 3.000 a.C., numa faixa estreita de terra da costa oriental do mar Mediterrâneo, na região ocupada atualmente pelo Líbano, pela Síria e pelo Estado do Israel.

Comércio marítimo

Proprietários de poucas terras e de solos áridos, os fenícios não se dedicaram à agricultura. Rodeados de montanhas ao norte, ao sul e a leste, apenas o que restava para eles era aproveitar as águas do Mar Mediterrâneo. Vivendo em contato com o mar, descobriram, desde os primeiros tempos, a arte de construir navios e de navegar. Assim, suas cidades muito importantes, como Tiro, Sidon, Biblos e Ugarit, se tornaram portos de onde partiram os navios para o comércio de mercadorias próprias ou de outros países. Seus tripulantes se aventuravam pelos mares em viagens ousadas, conquistando mercados mais longínquos em outros países que já existiram.

Foi assim que os fenícios, além de explorar o Mar Mediterrâneo, fazendo comércio com as ilhas de Chipre, Sicília, Córsega e Sardenha, atingiram o Oceano Atlântico, chegando ao Mar Báltico, no norte da Europa, e percorrendo a costa da África. Os fenícios foram os maiores navegadores e exploradores da Antigüidade. Chegaram mesmo a dar volta completa ao redor da África, em mais tarde 600 a.C., a pedido do faraó Necao, do Egito, numa viagem que, dois mil anos mais tarde, Vasco da Gama iria fazer em sentido contrário. Há quem afirme que os fenícios chegaram até o litoral do Brasil.

Produtos econômicos

Os produtos comercializados pelos fenícios foram numerosos. Alguns deles eram comprados de outros países e revendidos em outros lugares. Mas a maioria eram produtos de fabricação própria, como tecidos, corantes para pintar tecidos (como a púrpura, por exemplo), vasos cerâmicos, armas, peças de metal, vidro transparente e colorido, jóias, perfumes, especiarias, entre outros. Seus artesãos eram hábeis imitadores e falsificadores de produtos de outras civilizações. Também os cedros das montanhas fenícias eram exportados. Os fenícios foram, também, os maiores mercadores de escravos da época. Fundaram várias feitorias (pontos de armazenamento de produtos) e muitas colônias em outras regiões, como as ilhas de Malta, Sardenha, Córsega e Sicília, e fundaram, ao norte da África, a célebre cidade de Cartago.

Organização político-administrativa

Os fenícios estavam organizados em cidades-estados, ou seja, cada cidade fenícia constituía um centro comercial independente, com administração pública própria. O governo dessas cidades era exercido por comerciantes influentes, chamados sufetas. Muitas vezes, essas cidades entravam em choque por causa da concorrência comercial. Algumas delas chegaram mesmo a pagar tributos a fim de terem a preferência e a proteção no comércio de seus produtos.

Cultura

Evolução das letras que compõem o nome hebraico do rei Davi a partir do alfabeto fenício, passando pela escrita hebraica antiga pré-exílio chegando as letras hebraicas atuais (denominadas de "letras quadráticas" ou "escrita assíria").

No início, os fenícios utilizaram a escrita cuneiforme da Mesopotâmia. Depois, passaram a usar os hieróglifos dos egípcios. Porém, esses sistemas de escrita não estavam dando satisfação às suas necessidades comerciais. Dessa forma, nasceu a idéia de simplificar a escrita e inventar o alfabeto, que acabou sendo a maior contribuição que os fenícios deram para o mundo, no campo cultural.

Essa importante descoberta nasceu da necessidade de facilitar a contabilidade e elaboração de contratos com outros povos. Assim, inventaram 22 caracteres representando as consoantes; mais tarde, os gregos aperfeiçoaram o alfabeto fenício, acrescentando as vogais, e outros povos começaram a adotá-lo.

Na cidade de Ugarit foi encontrada uma biblioteca com inúmeros tabletes de argila com escritos sobre a administração, a religião e a mitologia da Fenícia.

Religião

Os fenícios eram politeístas, ou seja, adoravam vários deuses, cujos nomes pelos quais são chamados abaixo:
* Astarte, deusa da fecundidade;
* Baal, deus do trovão;
* Melkart, deus violento e guerreiro;
* Ishtar, deusa da Mesopotâmia, cultuada também na Fenícia, entre outras divindades.

Desenvolvimento científico

Os fenícios não foram nada originais no campo científico, copiando teorias, conceitos e idéias de outros povos tudo aquilo que poderia ser de extrema utilidade para eles.

Extremamente ligados ao comércio, a atividade econômica que mais desenvolveram foi o da construção de navios e da navegação. Possuíam excelentes conhecimentos de matemática para a construção de navios e de astronomia, que os auxiliava durante a navegação pelos mares.

Império Persa

O Império Persa começou em 549 a.C., com as conquistas de Ciro, o Grande, e terminou em 330 a.C., quando Alexandre Magno, da Macedônia, derrotou Dario III. O Império Persa, portanto, durou cerca de dois séculos e compreendia propriamente dita a Ásia Menor por inteiro. Estava localizado na área ocupada hoje pelos seguintes países: Irã, Iraque, Síria, Líbano, Jordânia, Israel, Egito, Turquia, Kuweit, Afeganistão, parte do Paquistão, da Grécia e da Líbia. Foi o maior império conhecido até a época.

Origem

Os persas, assim como os medos, eram dois povos de origem indo-européia que se estabeleceram no planalto do Irã mais de um milênio antes de Cristo.

Reis importantes

Os principais reis do Império Persa foram três: Ciro, o Grande, Cambises e Dario I.

Ciro, o Grande

Sob o comando habilidoso do general Ciro, o Grande, os dois povos, medos e persas uniram-se por volta do século VI a.C. e formavam um grande império: o Império Persa.

Durante os 25 anos de seu governo, Ciro, o Grande conseguiu não apenas conquistar a Mesopotâmia como também conquistar a Ásia Menor por completo.

Como era diferente de outros conquistadores, Ciro, o Grande tratava os povos dominados com respeito, possibilitando a eles uma vida bastante normal, com liberdade de ação, de emprego, de religião, etc. Mais por motivos políticos do que religiosos, Ciro, o Grande, em certo momento, chegou a entrar num templo da religião local a fim de prestar culto aos deuses. Permitiu liberdade de culto e proibiu aos seus soldados que roubassem com força as imagens sagradas veneradas nos templos babilônicos.

Muito liberal e generoso, permitiu aos hebreus que viviam como escravos na Pérsia que retornassem ao seu país de origem, a Palestina.

Mas sua administração, não concordava com as idéias dos outros, ou seja, era intransigente, em dois pontos:
* Os povos dominados eram obrigados a servir o exército e a pagar pesados tributos.
* Ciro, o Grande morreu em batalha no ano de 529 a.C.

Cambises

O primeiro sucessor de Ciro, o Grande foi seu filho Cambises, que era cruel e violento, mandando, inclusive assassinar seu próprio irmão.

Em 525 a.C., Cambises conquistou o Egito, porém foi misteriosamente morto quando retornava ao seu país.

Dario I

Dario I era um dos familiares de Cambises e assumiu o poder em 521 a.C. Ampliou ainda mais o grande Império Persa, conquistando o vale do rio Indo e o norte da Grécia, mas foi infeliz na Batalha de Maratona, ao ser derrotado pelos atenienses.

A maior contribuição que Dario deixou para a história, foi, sem dúvida, uma rígida organização político-administrativa que impôs ao imenso Império Persa.

Organização político-administrativa

Apoiado por um poderoso exército, Dario I governou o Império Persa com firmeza, mas ao mesmo tempo com benevolência, ou seja, bondade.

Para facilitar a administração pública, dividiu o império em vinte províncias denominadas satrapias. Cada satrapia era governada por sátrapa. Cada sátrapa era nomeado pelo rei, o chefe de Estado do Império Persa, e tinham como principais atribuições:
* Fazer justiça;
* Cobrar impostos;
* administrar as obras públicas;
* Manter a ordem.

Para evitar que os sátrapas abusassem do poder, o rei nomeava para cada província um secretário e um general que o mantinham informado do que acontecia em cada satrapia.

Sátrapas, generais e secretários eram, por sua vez, fiscalizados por enviados do rei, os inspetores, que visitavam periodicamente as províncias. Esses inspetores foram apelidados de "os olhos e os ouvidos do rei".

Moeda

Para facilitar as transações comerciais, Dario criou uma moeda (em ouro ou prata) para todo o império: o dárico. Somente o rei era autorizado para mandar cunhar moedas.

Transportes e comunicações

Os persas construíam importantes vias de transporte entre as cidades mais populosas do Império. Aproximadamente, a cada 20 quilômetros havia estações de descanso com hospedaria e cocheira. Os mensageiros do rei trocavam de cavalo a cada estação, de maneira que podiam cobrir longas distâncias rapidamente. Eles conseguiam levar uma mensagem da cidade de Susa a Sardes em menos de duas semanas, perfazendo uma distância de 2.400 quilômetros.

Economia

A base da economia do Império Persa foi a agricultura e o comércio.

O povo, embora seja responsável pela riqueza agrícola do país, vivia na mais completa miséria, sendo obrigado a entregar aos proprietários de terras a maioria do que produzia. Além do mais, era obrigado a trabalhar, de graça, em obras públicas, como na construção de palácios, estradas e canais de irrigação, atividades agrícolas muito valorizadas pela religião.

O governo explorava a sociedade toda com pesados impostos, a fim de manter o exército e o luxo.

O Império Persa manteve relações comerciais com o Egito, a Fenícia e a Índia.

Religião

Os persas seguiam a religião pregada por Zoroastro (ou Zaratustra), nascido na Ásia Central, em data desconhecida entre 1700 e 1000 a.C.. A doutrina por si pregada foi mais tarde alterada pelos sacerdotes Magi que acentuaram um dualismo, apresentando o mundo como uma constante luta entre o deus do bem (Mazda) e o deus do mal (Arimã). Adoravam também o Sol (Mitra), a Lua (Mah) e a Terra (Zan).

Acreditavam num deus criador do céu, da terra e do homem e numa vida após a morte. Os corpos dos mortos considerados impuros não eram enterrados para não manchar a mãe-terra sagrada. Eram colocados para os abutres, em altas torres, ou totalmente protegidos com cera antes de serem enterrados. Não tinham templos nem estátuas, mas mantinham aceso o fogo sagrado que simbolizava o deus do bem e a pureza. Além do mais, o zoroastrismo (religião persa também chamada de mazdeísmo) pregava a bondade, a justiça e a retidão. Essa dualidade rígida entre o bem e o mal influenciou grandemente o cristianismo, o judaísmo e futuramente, o islamismo de Maomé.

Cultura

Os persas se distinguiram principalmente na arquitetura, construindo lindos palácios, como os de Persépolis e Susa. Foram notáveis nos trabalhos de tijolos esmaltados em cores vivas. Na escultura, usaram os baixos relevos. Imitaram, na arte, os egípcios e os assírios.

Civilização Chinesa

A China é um imenso país, do ponto do vista geográfico, localizada na extremidade oriental do mundo. Este isolamento geográfico explica o fato de muitas descobertas e invenções feitas pelos chineses no Oriente, como a pólvora, a bússola e o papel, custaram a chegar no Ocidente, devido à enorme distância e às dificuldades. A China, assim como a Índia, era procurada por mercadores de especiarias.

Na região norte, próximo do rio Amarelo (Huang-Ho), as chuvas provocaram freqüentes inudações e catástrofes. Em conseqüência, a agricultura e alguns produtos, como o trigo e o milho, deviam ser tratados com bastante cuidado, e longe das áreas inundáveis, obrigando, assim, ao uso de irrigação artificial com um paciente trabalho de tratamento do solo.

Nas montanhosas regiões do centro meridional, dominado pelo rio Azul (Yang Tsé Kiang), ao contrário, o clima era quente e úmido e favorecia o cultivo do arroz. A região era, igualmente, bem servida com uma rede de canais artificiais.

Sociedade

A civilização chinesa é antiqüíssima. Ela se desenvolveu no Período Paleolítico nas planícies do rio Amarelo. É possível reconstruir a história da antiga sociedade chinesa mediante a quantidade de material arqueológico que foi encontrado. Com a civilização dos babilônios e dos faraós, foi voltada para a agricultura, que era considerada a primeira das artes. Para dar o exemplo ao povo, o próprio imperador (o "o filho do céu") pegava no arado e lavrava a terra uma vez por ano.

Próximo aos 1500 a.C., a China estava bem organizada em um reino, sob o domínio da dinastia Shang, que reinou do século XII ao século III a.C.

Várias dinastias se sucederam, com divisões de classes.

O período da dinastia Shu (século III a.C.) foi de intensa atividade cultural. Surgiram várias correntes de pensamentos, que vieram a se chamar Centros Escolares, destinados a exercitar o pensamento e estudar a milenar história da China. Destas escolas surgiram grandes pensadores como Confúcio e Lao-Tsé.

Filosofia

A filosofia chinesa destacava-se através da obra dos seguintes pensadores:

* Confúcio (Kung Fu-Tsé = o mestre; 551 a.C. - 497 a.C.). Foi um grande o filósofo chinês; viveu e viajou pelas cortes dos reis, oferecendo seus serviços e sua sabedoria aos soberanos e príncipes. Passou boa parte de sua vida ensinando. Não fundou uma religião, mas foi considerado um mestre da vida. A chave de seus ensinamentos foi o exemplo de virtude que vem do alto. A sociedade ideal, para ele, é aquela que mostra respeito e ordem entre o soberano e seus súditos, entre pais e filhos, entre marido e mulher, e entre amigos. Portanto, se essas normas não forem respeitadas, a sociedade cai na desordem e na violência.

* Lao-Tsé (século VI a.C.). Criou uma religião chamada taoísmo. O nome vem do livro Tao, que prega o caminho, a vida, a retidão dos costumes. Os taoístas criticavam as injustiças, como por exemplo, um pequeno ladrão é punido, ao passo que um grande ladrão acaba por se tornar um grande proprietário. O taoísmo pede a volta do ser humano para a natureza.

Alfabeto

Os chineses inventaram um tipo de escrita muito complicado. Era a forma de escrita chamada ideográfica, isto é, os sinais representavam diretamente os objetos ou idéias. Possuíam mais de 3.000 ideogramas, que precisam ser bem escritos para evitar confusão. Daí a importância que os chineses davam à caligrafia. Durante os séculos, a escrita e a cultura foram da classe alta e estavam a serviço do governo.

Economia

A civilização chinesa se desenvolveu nas planícies banhadas por grandes rios, por isso a dedicação à agricultura foi muito grande. Todavia, outras atividades econômicas foram surgindo, como as indústrias de tecelagem (como palha, cânhamo), principalmente a fabricação de seda, que se tornou especiaria famosa no mundo.

O artesanato à base de bambu, juncos, caniços, peles de animais e madeira era muito desenvolvido. Eram hábeis artesãos em cerâmica, que teve o seu ponto culminante com a fabricação da famosa porcelana chinesa.

Cultura

Os chineses deixaram obras dignas de atenção no campo da arquitetura (como palácios, templos e túmulos, casas com duplo telhado, terraços delicadíssimos com cursos de água e pontes). Mas a obra de maior destaque foi a Grande Muralha. Na escultura, usando mármore, calcário e alabastro, fizeram estátuas representando forças da natureza, grandes batalhas e animais. Na pintura, fizeram delicadíssimos ornamentos em porcelana e tecido e pintaram murais e decorações para o interior das casas. Empregavam cores vivas e brilhantes.

Civilização Hindu

A Índia, berço de uma grande civilização, está localizada ao sul da Ásia. Devido a sua situação geográfica, durante longo tempo ela ficou distanciada dos demais povos. Foi, como a China, a longínqua região onde foi intenso o comércio das especiarias, durante a Idade Média e começo dos tempos modernos, influindo, inclusive, nas Grandes Navegações.

É também um mérito dos hindus a invenção dos algarismos, mais tarde divulgados pelos árabes.

Origens

Entre os povos que habitavam a antiga Índia, sobressaíram os drávidas, por volta de 2000 a.C. Eles eram bons agricultores, já conheciam sistemas de irrigação e foram hábeis comerciantes. Moravam em cidades com largas estradas, casas de pedra bem arejadas, demonstrando preocupação com a higiene e a parte sanitária. Porém, esse povo não soube opor resistência aos invasores e, por isso, por volta de 1750 a.C. até 1400 a.C., foi escravizado por tribos arianas vindas do norte que invadiram a região de Pendjab (região dos cinco rios), próxima ao rio Indo.

Sociedade

Os arianos tomaram as terras dos drávidas, escravizaram-nos, e se fixaram como classe dominante no poder, na religião, no domínio militar. Totalmente dominados, restou aos drávidas apenas o trabalho e a submissão. As tribos arianas eram chefiadas por pequenos reis chamados rajás e às vezes, por marajás, que eram reis com poderes maiores.

A sociedade se organizou em base de castas (classes sociais sem possibilidades de mudança). Era proibido, por exemplo, para uma pessoa de uma classe social casar-se com outra pessoa de diferente classe ou posição social. Quem nascia numa classe social permanecia nela até morrer. As classes (castas) estavam ligadas à religião e às diferentes profissões. Acreditavam que as classes sociais saíram do corpo do deus Brahma.

As classes permaneciam fixas, sempre na mesma posição social. Qualquer desrespeito a uma casta superior era punido com a expulsão do indivíduo da sua casta ou rebaixamento para a condição de pária. Uma vez expulso, era submetido aos trabalhos mais humilhantes e considerado um impuro ou pária.

Era hábito entre os hindus banharem-se nas águas do rio Ganges (rio sagrado), mas os párias eram proibidos de se banhar, de freqüentar os templos e até de ler os ensinamentos sagrados.

Religião

Os nativos do vale do rio Indo adoravam a mãe-terra, dona da vida. Depois, os arianos introduziram o culto ao céu, ao Sol, à Lua, ao fogo, à chuva e às tempestades. Logo depois se afirmaram no bramanismo, religião que prega as castas e que se tornou oficial na Índia, conforme está escrito nos livros Vedas (Saber Sagrado), Shiva (o Conservador) e Vishnu (O Destruidor). O conjunto dessas três divindades tem o nome de Trimurti. Segundo essa religião, a alma é imortal e todo o ser humano renasce logo após a morte, reencarnando ora em homem, ora em animal. Assim, através de reencarnações, as pessoas vão se aperfeiçoando espiritualmente até chegar ao Nirvana, uma condição de perfeição que identifica o homem com o deus Brahma. Desse modo, a religião levava as pessoas a aceitar passivamente sua condição social como um estágio natural, porque depois da morte teriam a oportunidade de renascer numa casta superior se tivessem praticado o bem em vida. Todavia, corriam o risco de descer à condição de párias ou de animais se tivessem feito o mal.

Budismo

No século VI a.C., Buda, um iluminado, um nobre do Nepal, descontente com os preceitos bramanistas, resolveu iniciar uma reforma religiosa, sem distinções de castas.

Buda abandonou a sua casa, seu conforto, para mudar de vida e pregar uma religião. Fez penitência nos bosques, colocou uma veste simples como de um mendigo, cortou a barba e o cabelo e se entregou a profundas meditações.

Por seis anos viveu longe de todos, fazendo jejuns e meditações, até que um dia, sentiu e viu, com muita clareza, que a vida conduzia à liberdade e ao fim do sofrimento. Voltando ao convívio com os homens, começou a pregar sem distinção de casta, ensinando que o ódio não se vence com o ódio mas com o amor e só quem aprendeu a renunciar à riqueza e aos grandes sucessos poderá encontrar a paz, a tranquilidade e entrará no Nirvana. O budismo teve muitos adeptos, principalmente nas classes pobres, mas ganhou muita força após a morte de Buda. A religião se estendeu por toda a Ásia, chegando até o Japão. Hoje é a religião com cerca de três milhões de asiáticos.

Civilização Cretense ou Minóica
Origens e localização

Próximo ao III milênio a.C., contemporaneamente ao desenvolvimento das civilizações orientais e do Egito, a ilha de Creta recebeu alguns povos, provavelmente vindos da Ásia Menor.

Creta achava-se bem localizada no mar Mediterrâneo Oriental, perto da Grécia e da Ásia Menor.

Os primeiros habitantes dessas terras deram origem à civilização egéia, nome devido ao mar Egeu.

Como a maioria da população era formada de pescadores e marinheiros, receberam o nome de povo do Mar.

Civilização Cretense

A civilização cretense passou por três estágios: civilização egéia (nos inícios), civilização cretense e civilização minóica (período de maior desenvolvimento).

A civilização cretense foi mais pacífica que as do oriente.

No início, houve preocupação com a agricultura (vinha, oliva) e, depois, dedicaram-se ao comércio marítimo com as outras ilhas do mar Egeu, com a Ásia e com o Egito.

Os grandes palácios

No século passado, o arqueólogo inglês Evans descobriu traços e vestígios de grandiosos palácios datados de 1900 anos antes de Cristo. Eram restos das cidades de Cnossos e Faístos. Esses palácios com quartos decorados, oficinas, redes de água e esgoto, locais para administração demonstram que os cretenses já tinham um alto grau de civilização e organização social.

O reinado de Minos

Em torno de 1750 a.C., talvez um terremoto, ou mesmo uma explosão vulcânica, produziu em Creta uma verdadeira catástrofe, de modo que os palácios reais de Faístos e Cnossos foram soterrados. Mas sobre essas ruínas, por volta, de 1600 a.C., o rei Minos construiu outros palácios esplendorosos e Cnossos tornou-se o centro político da ilha de Creta.

Civilização Minóica

O palácio de Cnossos, construído pelo rei Minos, era imenso, compreendia salas do trono, teatro para espetáculos, torneios e touradas. A construção, de 4 ou 5 andares, contava com 1.300 divisões, para os mais diversos fins. Era servido de um pátio central com mais de 10.000 m². Era servido por mais de uma centena de pessoas, compreendendo a família real, funcionários e servos.

Os soberanos de Cnossos eram reis-sacerdotes. O mais importante entre eles foi o rei Minos, que segundo a lenda, era filho de Zeus, o deus que lhe dava inspiração para governar o povo com sabedoria e justiça.

A maior atração religiosa foi a Deusa-Mãe, que era considerada a deusa da fecundidade, da maternidade, da terra e dos homens. Era também a senhora dos animais e a ela eram consagrados os pássaros, leões e serpentes.

Em sua homenagem, o povo organizava muitas festividades, jogos, torneios, touradas em que os rapazes se exibiam com habilidade em perigosos exercícios, ginásticas. Toureavam os touros, mas sem matá-los, pois consideravam esses animais como entes sagrados.

Expansão e declínio

O período minóico marcou o maior desenvolvimento da ilha de Creta. Eram freqüentes comerciais com outros povos do mar Mediterrâneo. Os cretenses, nessa época, usaram um sistema de pesos e medidas inspirado nos egípcios e mesopotâmicos. Possuíam moedas de cobre de diferentes valores para utilizarem nas transações comerciais. As moedas, geralmente, traziam o desenho de um labirinto.

Essa civilização parou bruscamente, 1.400 a.C., provavelmente por causa de uma nova catástrofe. Nessa época, os aqueus, vindos da Grécia, ocuparam a ilha de Creta.

Cultura

O povo cretense levava uma vida muito alegre e festiva. Tanto os homens quanto as mulheres dedicavam muito do seu tempo aos jogos, exercícios físicos ao ar livre, pugilismo, lutas de gladiadores, corridas, torneios, desfiles e touradas.
* A dança, acompanhada de cantos e sons, era outro passatempo favorito dos cretenses.
* Os teatros ao ar livre, nos pátios dos palácios eram muito freqüentados.
* Armazenavam alimentos em enormes potes ou vasos da altura de um homem. Esses vasos, ao mesmo tempo que serviam de armazenamento, serviam também de objetos de decoração, pois eram ricamente decorados.
* Inventaram um sistema próprio de escrita, gravado em argila. Parte dessa escrita era inspirada nos hieróglifos egípcios.
* Ficaram famosos por seus labirintos, com muitas salas e corredores. Ficou célebre o labirinto de Cnossos, construído pelo arquiteto Dédalo, a mando do rei Minos.
* A arte cretense era cheia de fantasia, vida e delicadeza. Os artistas eram capazes de representar o momento de fúria de um touro ou o suave movimento de um polvo. Os artesãos trabalhavam a cerâmica, o ouro, a prata, o bronze, com os quais faziam lindas peças e objetos de adorno.

Civilização Grega
Geografia e origens históricas

A Grécia é uma península banhada por três mares: mar Jônico, mar Egeu e mar Mediterrâneo. Tem a leste a Ásia Menor (atual Turquia). O litoral grego é muito recortado, formando portos naturais. Os mares que circundam a Grécia são pontilhados de ilhas e ilhotas famosas pela sua beleza natural.

Era uma região diferente daquelas habitadas pelos povos orientais que viviam em férteis planícies às margens dos grandes rios, ao passo que os gregos que ocupavam uma área muito montanhosa, tinham que trabalhar duramente um solo pobre e pedregoso para conseguir sua agricultura de subsistência.

Devido à pobreza da terra, nas pequenas áreas cultivadas formavam-se agrupamentos humanos (pequenas comunidades) separadas uma das outras por vários acidentes geográficos, como montanhas e colinas.

Período Pré-Homérico (século XX a.C ao século XII a.C.)

Vários povos de origem ariana e indo-européia invadiram a região grega e dominavam os povos neolíticos que ali habitavam. Os principais invasores foram os aqueus, os dórios, os jônios e os eólios.

Os aqueus ocupavam várias cidades (Tirinto, Micenas, Tróia). Divididos em tribos, organizaram-se em pequenos reinos (cidades-estados). Por volta de 1.500 a.C., já tinham forte organização militar, o que lhes permitiu dominar a ilha de Creta, e lá fizeram sua base militar e marítima. Tornaram-se bons marinheiros e fundaram várias colônias nas ilhas do mar Egeu. Entre os anos de 1280 a.C. e 1270 a.C., os aqueus moveram durante dez anos uma guerra à cidade de Tróia, que foi destruída e incendiada caindo sob o seu domínio. Até a metade do século passado, acreditava-se que a Guerra de Tróia fosse uma fantasia do poeta grego Homero e que a cidade jamais tivesse existido. Mas, em 1871, o alemão Heinrich Schliemann, em trabalhos arqueológicos, descobriu novas cidades destruídas, uma junto às outras, e entre elas encontrou-se o tesouro do rei Príamo (rei de Tróia), comprovando-se desse modo que Tróia existiu de fato.

Período Homérico

O poeta Homero deixou duas obras poéticas de grande prestígio na época: a Ilíada e a Odisséia.

A Ilíada narra história da cidade de Tróia e a guerra, com todos os seus heróis (como Ulisses e Aquiles) e suas aventuras. Depois de dez anos de duro cerco, os gregos conseguiram vencer a resistência troiana, inventando um enorme cavalo de madeira, com soldados escondidos em seu interior. Os troianos abriram as portas da cidade para receber o enorme cavalo, julgando ser um presente dos deuses. Depois de festejos e bebedeiras dos troianos, os gregos saíram do cavalo e dominaram a cidade. Daí se originou a expressão "presente de grego".

A Odisséia narra as aventuras de Ulisses, um dos heróis da Guerra de Tróia, na sua volta para a ilha de Ítaca, onde era rei. Na sua viagem de retorno, passa por proezas, como livrar-se dos gigantes de um só olho na testa (os cíclopes), resistir aos encantos das sereias (que atraíam os marinheiros para o fundo do mar) e livrar-se da terrível bruxa Circe, que enfeitiçou os marinheiros. A deusa Palas Atena protege o herói durante a viagem, de modo que Ulisses retorna a seu reino, onde a fiel esposa Penélope o esperou por longos anos.

Essas obras se tornaram clássicas como fontes históricas e como base para a educação da juventude grega por séculos, pois realçavam os valores da bondade, da coragem, da justiça, do amor filial, e da luta pelos direitos.

Genos

Nos tempos homéricos, a sociedade era formada por pequenas comunidades que nada mais eram que a reunião dos membros de uma grande família que obedeciam a um chefe (o pater famílias, família patriarcal). Viviam da agricultura e do pastoreio; os bens e a terra pertenciam à comunidade. (Não havia a propriedade privada.)

Período Arcaico
Pólis

Os genos cresceram, desagregaram, e surgiu outra forma de comunidade mais ampla, que formava uma unidade territorial, política, econômica e social. Era a chamada pólis, que era uma cidade-estado, independente das outras, com governo próprio e com economia auto-suficiente. A pólis era composta de três partes fundamentais:
* a acrópole, que era a parte mais elevada, que funcionava como fortaleza e onde ficavam os templos para os cultos religiosos e a administração política;
* a ágora, que era a praça principal, onde o povo se reunia para discutir os problemas da comunidade e fazer pequeno comércio;
* a asty que era o mercado central;
* os campos agrícolas e de pastoreio.

A Grécia era uma grande região formada por muitas cidades-estado independente, mas que, todavia, consideravam uma certa unidade, pois falavam a mesma língua e acreditavam nos mesmos deuses.

O sistema de governo era a monarquia, onde o rei assumia também as funções de chefe militar.

Esparta e Atenas

Entre as cidades-estados, sobressaíram Esparta e Atenas, com características bem diferentes entre si.

Esparta

Atenas

Período clássico da Grécia
O período clássico da Grécia ficou marcado por guerras externas e internas e pelo desenvolvimento e esplendor da cultura grega.

As guerras externas foram realizadas contra os persas. As guerras internas foram devidas às rivalidades entre as próprias cidades gregas, principalmente Esparta e Atenas, que brigavam pela hegemonia (domínio) entre as demais pólis.

Guerras Greco-Persas

As causas dessas guerras foram as concorrências comerciais e a vontade que os dois povos de expandir seu domínio entre os povos vizinhos. Os persas ameaçavam o comércio e a vida política de várias cidades gregas. Chegaram inicialmente a dominar a cidade de Mileto, que se rebelou e pediu o auxílio de Atenas. Esta movimentou as tropas contra os persas, dando origem à guerra.

Primeira guerra

No 490 a.C., grande armada persa, comandada por Dario I, desembarcou na Ática, na planície de Maratona. Guiados por Milcíades, combateram seus inimigos nos seus pontos fracos, num ataque relâmpago.

Os persas não tiveram nem mesmo tempo de pegar em armas, pois já se sentiam dominados.

Segunda Guerra

No 485 a.C., no estreito de Salamina, os persas, comandados por Xerxes, filho de Dario, foram novamente derrotados. Os persas, melhor preparados, atacaram por terra e por mar. Os gregos, desta vez, contavam com melhor exército, pois haviam feito uma coligação de cidades contra o inimigo, inclusive Esparta. Os persas atacaram pelo norte, dominaram os bravos espartanos liderados por Leônidas e desceram para o sul, onde incendiaram Atenas. A Grécia parecia derrotada, mas os gregos se reorganizaram e atraíram a esquadra para o estreito de Salamina, local onde favorecia os leves barcos gregos e dificultava os pesados navios persas.

Os persas de Xerxes tinham ainda contra si as pesadas armaduras dos soldados que lutavam por dinheiro, ao passo que os gregos eram movidos pelo grande amor à pátria. Liderados por Temístocles, general ateniense, os gregos liquidaram os persas, que abandonaram seus navios.

Rivalidades que enfraqueceram a Grécia

Terminadas as guerras contra os persas, as pólis gregas voltaram a se fechar nos seus interesses próprios. Atenas considerou-se vitoriosa nas guerras, julgando-se uma salvadora da Grécia.

Com este prestígio e com o medo de novos ataques, conseguiu convencer outras cidades (menos Esparta) para formar uma liga contra futuros ataques dos persas. Surgiu, então, a Confederação de Delos, com adesão de mais de trezentas pólis.

A ilha de Delos foi escolhida como local onde ficaria a sede da liga e onde se guardariam tesouros e bens arrecadados. Essa união provocou a inveja de Esparta que formou também a Confederação do Peloponeso, reunindo várias pólis.

As duas cidades acabaram entrando em conflito e, depois de 27 anos de luta (com 6 anos de trégua veio a Paz de Nícias), Atenas foi derrotada. Mas algumas cidades gregas aliaram-se à cidade de Tebas, dominaram os espartanos e exerceram seu domínio político sobre a Grécia por pouco tempo.

Todas essas lutas internas enfraqueceram a Grécia, que foi facilmente conquistada por Felipe II, da Macedônia, em 338 a.C.

Péricles
O século de Péricles

Péricles foi um excelente orador, entendia de arte militar e, como político, usou de habilidade e prudência. Governou Atenas de 461 a 429 a.C. (quase trinta anos). Governou como um príncipe, sempre em perfeito acordo com o povo, que o respeitava muito.

Péricles foi assíduo freqüentador de teatro e amava as artes. Procurou fazer de Atenas a capital cultural do mundo antigo. O período de governo foi de esplendor, a ponto de ficar conhecido como Idade de Ouro da Grécia.

Governo democrático de Péricles

A democracia ganhou nova força e as classes mais pobres puderam participar ativamente da política. Leia um trecho de um discurso de Péricles sobre o seu governo:

Temos uma forma de governo que causa inveja aos povos vizinhos. Não imitamos os outros e servimos e exemplo aos outros. Quanto ao nome, este governo é chamado de 'democracia' porque não é uma administração para o bem de algumas pessoas e sim para servir toda a comunidade. Diante das leis, todos gozam de igual tratamento. E a consideração de cada um vem não do partido, mas dos méritos demonstrados no serviço da comunidade. Temos medo de conseguir cargos públicos por meios ilegais.

Amamos o belo, mas na justa medida, e amamos a cultura do espírito, mas sem desprezar outros valores.

O Século de Ouro

Com Péricles, as artes, as letras e a filosofia floresceram de modo maravilhoso em Atenas. O

Por iniciativa de Péricles, foram incentivadas todas as modalidades de expressão artística. As acrópolis foram ornamentadas e construídos grandes monumentos.

Foi nessa época que em Atenas surgiram talentos nos vários setores artísticos e culturais, de modo que a cidade conseguiu sobressair e firmar sua hegemonia.

projeto de Péricles de desenvolver as artes e a cultura era ambicioso. As pólis vizinhas ficaram enciumadas, mas nada puderam fazer para impedir tal crescimento.
Cultura

A arte grega chama a atenção pela harmonia de proporções, pelo equilíbrio e serenidade. É toda uma mistura de inspiração fantástica e real. Esse tipo de arte foi considerada e serviu de modelo para os artistas através dos tempos.

Arquitetura

Os gregos construíram palácios, tribunais, teatros e templos que ficaram famosos. O monumento mais célebre construído na Acrópole de Atenas foi o Partenon, que era um tempo em homenagem à deusa Palas Atena, protetora da cidade.

O Partenon é o mais célebre dos templos gregos. Impressiona pela sua dimensão, elegância e harmonia de suas proporções. Não foi obra de um só autor, mas de vários artistas, entre os quais sobressaiu Fídias, com suas inúmeras esculturas que decoravam o templo.

O Partenon foi transformado em igreja cristã no século VI d.C. e em mesquita turca em 1450 d.C. Esse templo colossal permaneceu quase intacto até o século XVII, quando sofreu uma catástrofe: os turcos que dominavam Atenas guardavam no templo seus armamentos, que acidentalmente explodiram. Foi restaurado, mas a maioria de suas belas esculturas foram levadas pelos ingleses (1812) e se encontram no British Museum, em Londres.

A arquitetura grega ficou famosa também pelos tipos de colunas usadas nas construções. Havia colunas artisticamente trabalhadas em estilo dórico, jônico e coríntio.

Escultura

As obras esculpidas pelos gregos mostravam naturalidade nas formas e na expressão, idealismo, alegria e companheirismo.

Entre os grandes escultores, ficaram conhecidos Fídias, Miron e Praxísteles.

Famosas também são as Cariátides, que são colunas em formas femininas. São seis belas jovens esculpidas em mármore vindo de Cária, Ásia Menor, onde havia belas mulheres. Elas se encontram no templo Erechthion, em Atenas.

Pintura

Os gregos pintavam com harmonia, elegância e vida. Infelizmente, restou pouco da pintura grega e o que nos chegou foram principalmente vasos muito bem decorados e outras peças de cerâmica.

Pintaram sobre tecidos, pedras e madeira. Costumavam reproduzir em cerâmica cenas da vida diária.

Teatro

Os teatros gregos eram amplas construções que atraíam grande número de populares por ocasião das festividades religiosas e populares, principalmente as festas em homenagem à deusa Atena e a Dionísio (deus do vinho). Nessas ocasiões, os gregos assistiam a grandes espectáculos (representações de comédias e tragédias).

Os gregos já representavam peças com os elementos essenciais do teatro como temos hoje: atores, diálogo e cenário.

Entre os maiores autores de peças para o teatro temos: Ésquilo, Sófocles, Eurípedes. Destacou-se na comédia Aristófanes, que satirizava os costumes da época.

Os temas preferidos eram às cenas da vida urbana, à religião e à mitologia.

Os teatros tinham ótima acústica, os trajes eram ricos e variados. Os atores eram acompanhados por um coro que cantava e dançava e por uma orquestra. Usavam máscaras chamadas personas, para caracterizar os personagens e aumentar o volume de voz. Daí veio o nome de "personagens" aos participantes de nossas narrativas modernas. As mulheres podiam ser espectadoras, mas não atrizes. Só os homens representavam.

Péricles se convenceu a importância do teatro a ponto de franquear a entrada a todos.

Religião e mitologia

A religião grega foi, na Antigüidade, a que mais aproximou os deuses dos homens. Era uma religião antropomórfica, isto é, os deuses agiam à semelhança dos homens, com suas qualidades e defeitos. Com uma diferença: os deuses eram poderosos e imortais.

As divindades eram cultuadas nos lares, nos templos e nas festividades religiosas.

O culto era tradicional. Feito dentro das casas, acendia-se o fogo sagrado, faziam-se as oferendas e sacrifícios de animais. A religião era o vínculo que unia as pólis entre si. Os oráculos eram os representantes dos deuses (falavam em nome de deuses). Ficaram famosos os oráculos de Delfos, Olímpia, Epidauro e Delos. Populares e também políticos iam consultar os oráculos dos templos.

Uma maneira como os gregos costumavam homenagear seus deuses eram os jogos e as competições esportivas. Os mais famosos foram os Jogos Olímpicos, realizados no Monte Olimpo em homenagem a Zeus que, segundo a crença, habitava esse monte, em companhia de outros deuses. As primeiras olimpíadas teriam sido realizadas em 776 a.C. e, a partir daí, a cada quatro anos.

A religião grega era cheia de mitos e lendas para explicar a origem do mundo, dos próprios deuses e dos homens. Não havia um livro sagrado e a religião, passada por tradição oral de geração em geração, era freqüentemente alterada pelos poetas e artistas.

Para os gregos, o mundo teria começado com Nix (a noite) e Érebo (seu irmão), visto como o inferno, isto é, a outra parte das trevas. Eles existiam, no Caos (que era o grande vazio inicial). Aos poucos Nix e Érebo se separam, se afastam cada vez mais, até que Nix se transforma numa esfera, se encurva e, como um ovo, se parte e dá nascimento a Eros (o amor). As duas partes da casca do ovo inicial se afastam, e uma se converte na abóbada celeste e outra em um disco achatado que a Terra. O céu ficou sendo chamado Urano e a terra Gaia. Do casamento desses dois tiveram início as novas gerações divinas.

Deuses
1. Zeus: Deus soberano, simbolizado pela águia e pelo fogo.
2. Hera: Esposas de Zeus, simbolizada pelo pavão e pela romã.
3. Atena: Filha de Zeus, simbolizada pela coruja e pela oliveira.
4. Hermes: Mensageiro dos deuses, representado com asas nos pés e no capacete.
5. Pan: Deus dos bosques, tem chifres, orelhas e patas de bode. Inventor da flauta.
6. Posseidon: Deus dos mares, representado com um tridente na mão.
7. Dionísio: Deus do vinho, representado com uma taça e uva nas mãos.
8. Hefaístos: Deus da forja, da metalurgia. Simbolizado pelo martelo e pela tenaz.
9. Afrodite: Deusa do amor e da beleza, simbolizada pela pomba.
10. Deméter: Deusa fertilidade da terra e da agricultura.
11. Apolo: Deus da harmonia, da luz, da música e da poesia. Simbolizado pela lira e pelo louro.
12. Ártemis: Deusa da caça, protetora das virgens, simbolizada pelo veado e pelo arco.
13. Héstia: Deusa guardiã dos lares e do fogo sagrado.
14. Hades: Deus dos mortos e dos infernos, em cuja porta ficava o cão Cérbero, com três cabeças.

Os grandes deuses
* Zeus: era considerado chefe dos deuses. Morava no Monte Olimpo. Ele fazia chover, e era o senhor dos ventos e dos trovões. Era casado com Hera, cultuada como a padroeira dos casamentos e das futuras mães.
* Apolo: Filho de Zeus, deus da beleza, da arte, da música, das curas e das adivinhações.
* Afrodite: Irmã de Apolo, filha de Zeus. Deusa da beleza, do amor. Nasceu das espumas do amor.
* Hermes: Filho de Zeus, mensageiro dos deuses. Protetor dos viajantes, comerciantes e oradores.
* Dionísio: Filho de Zeus, costuma vir acompanhado por um cortejo de demônios masculinos e femininos (são os bacantes).
* Posseidon: Irmão de Zeus (ambos eram filhos de Cronos e Réia), marido de Afrodite. É o deus dos mares. Seus filhos eram estátuas monstruosas.

Heróis

Os gregos veneravam alguns semi-deuses (ou heróis). Os mais importantes foram Hércules, Édipo, Teseu, Jasão e Perseu.

Hércules ficou famoso por sua força. Os deuses o submeteram a várias provas: ele superou todas, lutando apenas com um arco e uma clava. As provas ficaram conhecidas como o Doze Trabalhos de Hércules, entre os quais: estrangulou o leão de Neméia, matou a Hidra de Lerna, captutou vivo o javali de Erimanto, libertou Teseu dos infernos, etc.

Édipo era filho de Laio, rei de Tebas, e de Jocasta. Segundo o oráculo de Delfos, foi marcado pelo destino para matar seu pai e casar com sua mãe. Para evitar a tragédia, Laio abandonou o filho sobre o Monte Citéreo, com os pés furados e amarrado de cabeça para baixo. Achado por pastores, foi criado por eles e, já adulto, conforme seu destino, matou o próprio pai (sem saber). Decifrou o enigma da esfinge que atormentava Tebas e, como recompensa, casou-se com a rainha (que era sua mãe). Vieram desgraças sobre a cidade e o oráculo revelou a Édipo que ele era o culpado de tudo, pois casara com a própria mãe. Descoberta a verdade, a mãe suicidou-se e furou os próprios olhos e saiu vagando pelo mundo.


11 Veja também


http://historiaantiga.freewebpages.org/hisantgrecia.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_Antiga

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